Sempre que a sua igreja obtém uma receita ou efetua o pagamento de uma despesa, seja em dinheiro, cartão de crédito, cheque ou através de sua conta bancária, está gerando uma movimentação financeira. Para que o planejamento, o controle e a prestação de contas sejam realizados de maneira adequada, cada movimentação financeira deve ser registrada e classificada de acordo com a sua origem (no caso de entradas) ou destino (no caso de saídas).

As categorias utilizadas para efetivar essa classificação são conhecidas tecnicamente como “contas”. Sendo assim, o plano de contas nada mais é do que uma lista estruturada de todas as contas utilizadas para classificar a movimentação financeira da sua igreja e, posteriormente, para criar os relatórios utilizados para a prestação de contas e planejamentos.1

De acordo com a Teoria Patrimonialista, proposta por Vincenzo Masi, uma vez que a contabilidade tem a dupla finalidade de controlar o patrimônio da organização e apurar os resultados obtidos por meio de suas atividades, as contas podem ser classificadas como “Contas Patrimoniais” que são as que representam os bens e os direitos (Ativo), as obrigações (Passivo) e o Patrimônio Líquido (PL) e “Contas de Resultado” que representam as receitas e as despesas da organização.

Modelo de Plano de Contas Gerencial

Visando adequar o conceito contábil às necessidades dos administradores, alguns fazem distinção entre o plano de contas contábil e o plano de contas gerencial. Enquanto o plano de contas contábil tem como objetivo construir e elaborar a escrituração financeira visando obter o Balanço Patrimonial e a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE), o plano de contas gerencial se concentra nas Contas de Resultado e fornece aos administradores as informações necessárias para apoiar suas tomadas de decisão.

Como elaborar um plano de contas?

O plano de contas gerencial nos permite responder as seguintes questões: 1) quais são os tipos de receitas da igreja? e 2) em que e como foram investidas essas receitas? Partindo desse conceito, podemos iniciar um plano de contas gerencial com duas categorias: 1) Receitas e 2) Despesas2. Na categoria “Receitas” serão somados todos os recursos financeiros da igreja e, da mesma maneira, na categoria “Despesas” todos os gastos que envolvem a atividade ministerial da igreja.

As igrejas tem como principal fonte de receitas as contribuições voluntárias de seus membros e frequentadores. Porém, também existem outras receitas que exigem do gestor financeiro um controle adequado visando a prestação de contas perante a liderança e, muitas vezes, a toda a comunidade.

Sendo assim, podemos dividir a categoria Receitas em duas sub-categorias: Contribuições, que agrupará as receitas originadas de contribuições voluntárias e Outras Receitas, em que serão somados todos os outros tipos de receitas. De forma estruturada, nosso plano de contas gerencial ficaria da seguinte maneira:

Repare que o valor da categoria Receitas nada mais é do que a soma das sub-categorias Contribuições e Outras Receitas. Ou seja, a igreja teve, no período, uma receita de mil reais, sendo que oitocentos reais se originam de contribuições e duzentos reais de outros tipos de receitas como, por exemplo, cantina, inscrições em eventos, etc.

O procedimento que realizamos com a categoria Receitas pode ser feito com as outras categorias. A sub-categoria Contribuições pode ser dividida também em outras sub-categorias. Por exemplo, podemos dividi-la em outras três categorias: Dízimos3, Ofertas e Ofertas não Identificadas. Atualizando o nosso plano de contas gerencial, encontraríamos a seguinte estrutura:

Como você deve ter notado, o princípio aplicado nas sub-categorias de Contribuições foi o mesmo utilizado nas sub-categorias de Receitas. O valor da categoria em que as sub-categorias estão vinculadas é a soma das mesmas. A soma de 500,00 (Dízimos) + 200,00 (Ofertas) + 100,00 (Ofertas não Identificadas) = 800,00, ou seja, o valor da categoria Contribuições.

Embora tenhamos utilizado como exemplo categorias relacionadas às Receitas, o mesmo princípio pode ser aplicado com respeito à Despesas. É necessário que o gestor financeiro crie uma lista de todas as despesas que a sua igreja possui atualmente. Com essa lista em mãos, agrupe as despesas que possuem alguma relação entre si e, finalmente, dê um nome para esse grupo.

Imagine algumas dessas despesas comuns a qualquer igreja, tais como: energia elétrica, água e esgoto, telefone fixo, celular e internet. Como se pode notar, todas essas despesas podem ser agrupadas como Despesas Gerais. Sendo assim, o nosso plano de contas gerencial seria estruturado da seguinte maneira:

Ao elaborar um plano de contas gerencial para a movimentação financeira, você estará dando o primeiro passo para organizar as finanças da sua igreja, fazendo com que o planejamento, controle e prestação de contas se tornem simples tarefas.

Modelo de Plano de Contas Gerencial

Notas

1. Em virtude dos propósitos desse artigo, elaboramos uma definição simplificada e com foco em sua aplicação gerencial e não a partir de uma visão especializada e contábil do método de partidas dobradas, contas contábeis (sinéticas e analísticas), etc. No Apprisco utilizamos a nomenclatura “Categorias” para o plano de contas gerencial e reservamos o termo “Plano de Contas” para a sua utilização contábil.

2. Não incluímos a categoria “Investimentos” levando em consideração o conceito de Jack A. Henry (Basic Accounting for Churches) de que embora a igreja possa investir os seus recursos financeiros por um período intermediário antes de empregá-lo numa necessidade ministerial específica, não se constitui um investimento no mesmo sentido utilizado em instituições comerciais. Por essa razão, Henry define a gestão financeira de uma igreja como “a arte e a ciência de desenvolver e executar um plano de despesas” (p. 7).

3. Vale lembrar que o plano de contas gerencial deve estar em plena harmonia com o contexto eclesiástico e doutrinário de sua igreja. Caso, por exemplo, sua igreja não se sinta à vontade com o termo “dízimo” por acreditar que se refere à uma prática do Antigo Testamento, você pode dar a essa categoria o nome de “Contribuições Regulares”. O termo utilizado tem pouca relevância nesse contexto, o importante é que seja claro a todos os envolvidos com a sua igreja.

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